sábado, 18 de agosto de 2012

The Devil´s Blood

 
1. Hail S.L.! Bom, esta é uma pergunta tradicional, mas talvez alguns de nossos leitores não conheçam o The Devil´s Blood. Então, você poderia começar falando sobre a formação da banda e sua história até então? Existe algum significado específico sobre o nome da banda? Qual a origem do nome?

R: Nós tiramos o nosso nome de uma música do Watain, “Devil´s Blood”, cuja letra fala sobre os mesmos temas que me levou a fundar esta banda no início de 2007. A banda é uma forma de falar com as palavras do Demônio, uma forma de trazer a interferência harmônica Do Outro Lado através de nossas ressonâncias rítmicas e musicais. Começamos como um projeto caseiro para gravar algumas músicas e daí as coisas começaram a evoluir aos poucos. Entramos em contato com o pessoal da Ván Records e eles nos fizeram uma oferta para gravar um EP 7” que foi bem recebido e a partir daí eu acredito que você conheça o resto da história.
 
2. A banda acabou de lançar o seu primeiro álbum (N.d.E: o próximo já está para sair!!!) “The time of no Time Evermore” via Ván Records. Como tem sido a aceitação do álbum pela cena? Existem planos para lançamento deste álbum nos Estados Unidos ou até mesmo uma versão Sulamericana? Vocês tem feito turnês para promover o álbum ou apenas alguns shows selecionados?

 Eu não me importo com aceitação, eu não me importo com a cena. Se eles gostam do que nós fazemos está OK para mim, senão eles podem se fuder e morrer. Não nos vejo como parte de cena alguma. Sobre o álbum, ele foi lançado na América do Norte há apenas algumas semanas atrás e já está disponível pelas melhores lojas e distribuidores. Se alguém da América do Sul se interessar, sem dúvida iremos lançar alguma versão do nosso material por aí. O The Devil´s Blood irá percorrer o mundo assim como as lágrimas de Cristo desceram sobre seu rosto em Golgotha!

3.
O título do álbum possui a palavra “tempo” duas vezes. Então, eu diria que o tempo é um tema importante dentro do contexto deste álbum ou até mesmo para a banda.  O que você nos diz sobre isso? A que período de tempo o título do álbum se refere?

O título se refere ao fim dos tempos. Ele se refere ao nada que irá engulir minha alma depois do fogo do julgamento ter sido vomitado da boca da serpente e seu veneno ter comido minha alma. “The Time of No Time Evermore” é o sempre após o qual não tem dimensão. Total Death. 



4. Qual o seu formato favorito para metal: CD, LP, tape ou mp3? Qual a sua opinião sobre download de música da internet?
 
LP
sem dúvida. Eu não me import com o que outras pessoas fazem, mas eu prefiro comprar música boa em Vinil. Bom, mas é claro que tenho um iPod para ouvir música quando não estou em casa e ele está cheio de sons que curto. Quando o material compensa eu gasto o meu dinheiro e compro.

5. Que tipo de livros você lê? Poderia mencionar seus livros favoritos ou pelo menos os últimos que leu? Algumas bandas de prog-rock ocultista são influenciadas por filmes antigos e de horror. E vocês? Quais são seus favoritos?
 
Quando se trata de literatura oculta, no momento estou digerindo alguns livros como: “The Yoga of Power” do Julius Evola, “Liber Falxifer” N.A-A.218 e “Qabalah Qliphoth and Goetic Magic” do Thomas Karlsson. Quando se trata de ficção eu adoro os trabalhos do Haruki Murakami. Quando se trata de filmes, em particular filmes de horror, qualquer um do gênero feito por Corman, Lugosi, Murnau, Hammer House of Horror e outras coisas assim são capazes dea atrair minha atenção.


7. O que podemos esperar de uma apresentação ao vivo do The Devil´s Blood? Sangue? Violência? Rituais? Existe algum tipo de improvisação ou experimentação musical durante os shows? Você bebe álcool ou usa drugas para tocar ao vivo?

Tentamos ficar um pouco sóbrios antes dos Rituais já que precisamos estar limpos para aceitar a força de Satã em nossos corações e mentes. Você não pode ficar nos fogos do inferno sem saber o que está acontecendo, e drogas são simplesmente uma forma de se esconder da realidade de Satã. Depois dos concertos nós usualmente bebemos alguma coisa ou usamos drogas, mas nunca antes. Nossos rituais ao vivo são intensos, poderosos, uma verdadeira união “mágicka” de música e espiritualidade. Existe muita energia sendo invocada entre nós e o público e isto pode levar a qualquer tipo excessivo de comportamento como Sexo ou Violência. Tudo é permitido.
 
8.
Acredito que nos shows da banda o público deve ser bastante diversificado, estou certo? Você acha que devido ao conteúdo oculto e sombrio das letras e das músicas de vocês, assim como pelo respeito que algumas personalidades da cena black metal como Erik do Watain possui pela banda, vocês vão acabar atraindo mais a atenção de fãs de black metal no futuro? Como é o relacionamento de vocês com o black metal?

Eu respeito algumas das bandas da cena black metal, sobretudo aquelas que não estão por ai apenas para chocar sem nenhum sentido profundo em seus trabalhos. Algumas bandas como Watain, Ofermod e Urfaust, que seguem um caminho espiritual bem definido possuem o meu respeito e lealdade. A massa idiota pode se fuder.



9. Você está envolvido com alguma ordem, templo ou seita? O que você sabe sobre tradições mágicas da América Latina como por exemplo a Quimbanda do Brasil e Senor de La Muerte da Argentina? Você conhece alguma banda brasileira underground (black, death, thrash, e etc) ?

Estou ciente da existência de cultos e da importância não só da Quimbanda e do Senor de La Muerte, mas também de algumas variações de Voodoo e Santeria de outras partes da América Central e do Sul. As legiões de Qayin e Exu são fortes por lá e nós devemos muito a eles por suas práticas e tradições. “Hail the Lord of Holy Death! He who wields the left-handed sickle!



10. Eu li em alguma entrevista anterior da banda que você costumava pintar no passado. O que você pintava? Você ainda pinta?

Eu não sou muito bom com isso, então eu removi algumas delas da internet há um tempo atrás. Eu prefiro guardar minhas pinturas para eu mesmo até que eu tenha algo que valha a pena exibir.
 
11.
Antes de terminarmos, você poderia comentar sobre as novidades com relação a banda neste momento, planos futuros e etc? Bom, acho que este é o fim de nossa conversa S.L....obrigado pela entrevista.

No momento estamos fazendo algumas tours, levando a escuridão aos campos do verão. Após isso iremos entrar em uma fase de hibernação para criar mais músicas e talvez trabalhar em um novo lançamento. Quando, onde e o que ainda está indefinido. (N.d.E.: o novo álbum já foi lançado “The Thousandfold Epicentre” via Ván Records). Nós não iremos parar até que o mundo esteja em total escuridão e a Boca da Salvação tenha comido todos nós pecadores.

Disforterror



1. Saudações Vágner Warrior Impaled! Conte-nos como tem sido a jornada do Disforterror até então. Parece-me que o caminho tem sido duro, já que você está sozinho na banda. Ou desde o início isto foi uma prioridade sua?


R: Hailz Bestiais nekro goats leitores dessa pestia macabra, aqui iniciamos a infernal desecraçao a

humanidade com o bestial e insano tank negro chamado DISFORTERROR, que o sangue jorre nos abismos nekromaticos, essa jornada tem sido infame e desscravel, honrando o nekro bestial metal da morte. Essa nunca foi uma prioridade minha de estar sozinho na horda,os outros integrantes se foram e nem por isso a horda findou a batalha nas trincheras dos infernus continua. Hailz sataniko kaoz apokaliptico!

2. O último lançamento da banda foi o EP "Impalement and Holocaust Stench" pelo cultuado selo Nuclear War Now. Como surgiu este contato e como foi a repercussão deste lançamento considerando que este selo tem uma ampla divulgação internacional.


R: Foi simples, enviei o material para o INSULTER proprietario do selo ele curtiu o material, e logo ele me retornou me dizendo que lançaria o mesmo no fodido formato vinil e CD e ai esta o resutado, o INSULTER me disse que a repercussão tem sido satisfatoria.


3. Quais as novidades da banda no momento? Está compondo algo para um próximo lançamento?


R: A horda tem um batera oficial, e já estamos ensaiando, sim temos 9 hinos do kaoz sendo preparados para um lançamento futuro.


4. O que significa "anti-humanismo" e até que ponto isto faz sentido para você? O que significa para você ter ódio a raça humana? Isto faz parte da ideologia e dos conceitos do Disforterror?


R: É o fim de tudo, é o extermínio da raça humana, a humanidade é falha por seus próprios atos, e isso é a essência da bestialidade espalhada por essa maldita máquina aniquiladora chamada DISFORTERROR...

5. Recentemente vem surgindo muitas bandas no estilo war black metal, tocando um som no estilo Blasphemy. Considerando que o Disforterror está na ativa desde 1997 e nunca seguiu nenhuma tendência e tem o seu próprio som, comente sobre o assunto.

R: Quem segue tendência são os fracos, a horda DISFORTERROR segue o seu próprio modo sem se importar com os outros. O kaoz sonoro da horda continuará destroçando os fracos por muito tempo....


6. O que você busca como influência externa para a estética e conteúdo lírico da banda? Livros? Filmes? Realidade? Experiências? Drogas? Cite alguns exemplos.


R: Uma explosão nuclear, a parte lírica é o fim num kaoz avassalador de ódio e honra ao bestial metal disforme.


7. Com certeza bandas infames e bestiais como Blaphemy, Beherit, Proclamation, entre outras estão no seu playlist. Entretanto, gostaria de saber se costuma ouvir alguma coisa fora do ramo black/death metal, como por exemplo algum progressivo, psicodélico, rock satânico ou até mesmo música clássica.


R. Ouço somente hordas que exprime o bestial metal e nada mais.


8. Se você pudesse escolher algumas bandas para tocar ao vivo, quais bandas seriam?


R: Não existe uma horda específica, mas gostaria de dividir o palco com quem sabe do real significado do nekrounderground.


9. Manifeste a sua opinião sobre as seguintes personalidades:

- Varg Virkenes (Burzum)
- Chuck Schuldiner (Death)
- Nuclear Holocausto Vengeance (Beherit)
- Jon Nodveidt (Dissection)

R: Todos estes indivíduos fizeram e deixaram seus legados no underground, entretanto somente o Nuclear holocausto deixou pra mim obras maléficas no nekrounderground.





10. Quais filmes e livros estão entre os seus favoritos e porque?


R: Nenhum.


11. Grande camarada, agradeço pelo seu tempo e pela entrevista. Deixe seus últimos comentários...


R: A horda infame da bestialidade que agradeçe pelo o espaço cedido nas paginas do DARK GATES ZINE. O KAOZ COTINUA, A HORDA DISFOTERROR ESMAGARÁ MUITOS COM SEUS RITOS DE BESTIALIDADE.



Pátria


Por S.K. e Brucolaques

1. Saudações Mantus! Conte-nos como surgiu a banda e como tem sido a sua jornada até o presente momento.
Mantus - O PATRIA é um projeto recente, fundado em 2008, com a proposta de fazer BLACK METAL primitivo, puro e simples, sem compromisso e visando uma realização muito pessoal da parte de todos os envolvidos. Até o momento temos a demo "Hills of Mist" lançada ainda em 2008, o primeiro álbum "Hymns of Victory and Death" de 2009, o segundo "Sovereign Misanthropy" de 2010, e também o recém-lançado MCD "Gloria Nox Aeterna". Todos lançamentos do selo russo MONOKROM, sub-divisão da HELVETE.RU.

2. Recentemente foi lançado o mais novo CD da banda "Sovereign Misanthropy". Como foi o processo de composição do mesmo e que diferenças você apontaria se comparado com o seu antecessor, "Hymns of Victory and Death"?
Mantus - O processo de composição dos álbuns é sempre muito parecido. Temos as idéias de algumas bases e o restante é composto durante os ensaios já no dia da gravação. Temos nosso próprio home-studio e dessa forma fica tudo mais viável. As composições acontecem quase como de improviso, de uma maneira pouco convencional e é um processo natural que gosto muito, pois considero o que rende os melhores resultados. 70% do material é criado na hora da gravação e dessa forma soa incrivelmente honesto! Entretanto, apesar de similares, creio que exista já uma diferença entre os dois primeiros álbuns. No "Hymns..." ainda estávamos amadurecendo as ideias, formato e até tipo de produção que gostariamos de ter. Já no "Sovereign..." o processo apesar de mais demorado, foi mais fácil e já tiveram algumas poucas mudanças nos encaixes de vocal, adicionamos também alguns coros e tivemos mais dinâmica no andamento das músicas. Talvez seja um trabalho mais diversificado que o "Hymns...".


3. O novo CD conta com um cover de "My Lady Princess of Hell". Pessoalmente, achei a escolha deste cover perfeita, pois considero este split do Songe D'Enfer um clássico do Black Metal nacional. Comente a respeito desta escolha e cite quais outros álbuns nacionais você destacaria como clássicos?
Mantus - O Songe d'Enfer na minha visão foi a melhor banda de Black Metal que o Brasil já teve! Além disso somos amigos de longa data e o nosso baixista Käffer foi o primeiro baixista deles também. Enfim, quando estávamos pensando em gravar um cover, essa opção foi a que mais nos agradou e achamos que seria uma grande homenagem! Também uma forma de fazer mais pessoas interessadas pelo Black Metal brasileiro, conhecerem o Songe d'Enfer, já que a banda não se encontra na ativa atualmente! Percebi que muitos, principalmente os mais novos, não tiveram a oportunidade de escutar a demo "My Visions In The Forest", sem dúvida um dos maiores clássicos do nosso Black Metal, mesmo que ainda em formato fita cassette.
São muitos clássicos nacionais!!! Bom, fugindo então daquela mesmice de Sárcofago e cena metal de Minas, que é pra mim uma das coisas mais significativas que tivemos no Brasil em relação a metal extremo, eu poderia ainda citar discos como o  "Fall Ascension Domination" e "Jacko La Tequila" do Amen Corner, a demo "Lords of Occultism" e o 7EP "Cerimonial Circle" do Nocturnal Worshipper, "And Evil Returns" do Murder Rape, "Wicca" e "Goetia" do Mystfier, A demo "Science of Fear" do Necromancer, entre milhares de outros clássicos. Também não posso esquecer de bandas como o grande Dorsal Atlântica, Azul Limão e Stress, que fazem parte do começo de tudo! 
 
4. "Sovereign Misanthropy" foi lançado pela Monokrom Records (Russia). Porque não lançar pela Höllehammer Propaganda, já que você, Mantus, é responsável pela mesma? Como tem sido a repercussão da banda no âmbito internacional?
Mantus - No momento com todos os planos da Höllehammer ficamos de mãos atadas quanto a isso e acreditamos que o material lançado na Europa tenha uma distribuição automaticamente melhor. Com a Höllehammer negociamos a promoção e distribuição no Brasil apenas! Infelizmente precisamos priorizar certas coisas para que tudo funcione corretamente, e como o PATRIA não é algo com que temos um grande compromisso, achamos melhor dar espaço para outros lançamentos e licenciamentos no Brasil. A repercussão dos CDs do PATRIA tem sido muito boa, mas não tivemos sequer a preocupação com o envio de material promocional para zines/revistas. As resenhas que estão sendo vinculadas foram feitas por conta das próprias publicações e por parte do envio de material do próprio selo. Para enviarmos material infelizmente custa muito caro e como não é algo rentável para nós, decidimos não investir nisso.

5. Ainda não vi flyers ou comentários sobre shows da banda. Porque? Falta de oportunidades ou a banda não foi formada para apresentações ao vivo?
Mantus - Realmente esse não é o nosso foco principal. Temos outros objetivos com a nossa música e grande parte disso tudo acaba sendo uma realização pessoal e não comercial como tem sido o metal de uns bons anos para cá. Não descarto a possibilidade de haver apresentações ao vivo no futuro, e inclusive temos uma formação especial para isso, mas no momento é algo pouco provável, e mesmo que isso venha a acontecer seremos extremamente seletos.

6. Uma coisa que me chamou a atenção na produção gráfica da banda é que tanto o logo quanto as capas dos álbuns são tecnicamente simples se comparados com a maioria das produções atuais. Entretanto, acho que são extremamente objetivos e conseguem passar todo o sentimento frio e obscuro da banda. Comente a respeito da estética da banda e o porque desta escolha.
Mantus - Sempre tivemos a preocupação de mostrar um trabalho incrivelmente simples e acho que atualmente isso se torna até um diferencial. De qualquer forma nosso objetivo com o PATRIA não é mostrar qualquer originalidade ou ir na direção desse comercialismo atual, mas sim resgatar aquela aura Black Metal que era vista verdadeiramente no final dos 80 e principalmente no início dos anos 90, com a cena escandinava ainda em seu momento underground.

7. A qual pátria o título da banda se refere? A julgar pelos títulos das músicas e letras da banda, eu diria que não tem um sentido nacionalista. Ou estou enganado?
Mantus - Você está totalmente certo! O PATRIA não tem NADA de nacionalismo, patriotismo, regionalismo ou qualquer outro "ismo". Nossa verdadeira PÁTRIA é o Black Metal e a escuridão que o cerca. É algo universal e tem seu processo seletivo feito de forma natural com o passar dos anos, onde dentro dele só permanecem as pessoas que realmente acreditam e vivem isso intensamente. É uma pátria que representa a liberdade, orgulhosamente algo que ninguém pode nos tomar, mesmo que para isso tenhamos que encontrar a morte.

8. Além de tocar na banda Patria, você também é integrante da banda Vinterthron e fez parte das bandas Mysteriis e Darkest Hate Warfront. Eu gostaria que você comentasse sobre as diferenças musicais e ideológicas de todas estas bandas e, também, revelasse em qual delas você se sentiu (ou sente) mais conectado, musicalmente e ideologicamente.
Mantus - Minha conexão maior é com certeza com o PATRIA. Por ser algo pessoal e sem qualquer compromisso, as coisas fluem com uma maior naturalidade e só lançamos o material quando estamos 100% satisfeitos com o mesmo. Hoje quem compõe e grava todas as músicas sou eu sozinho e a parte lírica/vocálica é feita pelo nosso vocalista Triumphsword. Somos quase que vizinhos de porta, morando na mesma cidade e isso facilita bastante o processo de criação e desenvolvimento do trabalho.

9. Atualmente, tem surgido várias ferramentas online que ajudam na divulgação das bandas, como por exemplo o Myspace, que além de fornecer um meio de contato com a banda ainda é possível ouvir alguns sons. Qual a sua opinião sobre as tendências da internet e a sua relação com o Black Metal? Tenho a impressão de que aquele radicalismo com relação à internet tem desaparecido aos poucos, o que você acha?
Mantus - A internet realmente já gerou diversas polêmicas em relação ao Black Metal, mas acredito que em uma visão geral existem pontos positivos e negativos nisso tudo. Não vou citar aqui os negativos pois tomaria muitas linhas e ainda sim seria inútil, mas acreditamos que a parte positiva possibilitou grandes bandas e selos no underground serem reconhecidos mundialmente e viverem com maior intensidade o cenário metálico como um todo. As oportunidades são muitas através da internet e sabendo selecionar bem as propostas, dá para fazer um trabalho de qualidade, honesto e o principal, independente. Sem dúvida atualmente todo o radicalismo tem desaparecido e acho que é exatamente por essa conscientização de que é possível usar dessas ferramentas sem perder o "brilho" do underground. O radicalismo válido é aquele feito com consciência e inteligência! Acho que mesclar música e ideologia primitiva com novas ferramentas seja um caminho para uma maior liberdade musical e filosófica, algo que não era inteiramente possível a 10/15 anos atrás, quando éramos obrigados a seguir certas "regras" e "censuras" para estarmos dentro do cast de algum selo e termos nosso material lançado. 

10. Você é o fundador do selo Höllehammer Propaganda, dedicado à vertente do Pagan/Folk Metal. Por qual razão você criou o selo e porque seguir esta linha musical em um país como o Brasil? Você acha que há um cenário forte em todo o território brasileiro para a proliferação desta linha sonora?
Mantus - Na verdade sou um dos sócios do selo juntamente com mais dois grandes amigos. Optamos pelo Black Metal com foco principal nas vertentes Pagan & Folk Metal pelo fato de termos no Brasil um público realmente grande e ainda carente para este estilo nos dias de hoje. Nosso objetivo foi começar algo que oferecesse material de qualidade, nacionais e importados, com preços adaptados a realidade do mercado no Brasil, além de trazer bandas que antes não tinham um grande reconhecimento em nosso país. A maioria dos selos aqui estão interessados em lançar apenas grandes bandas com grande aceitação comercial e não vejo a coisa dessa forma. Viemos para somar e trazer novidades, tenham elas alguma fama ou não por aqui. Acreditamos que temos feito um bom trabalho até o momento e estamos dando o nosso máximo para conseguirmos ir adiante, trazendo cada vez mais novidades para o público brasileiro.

11. Eu gostaria que você comentasse sobre o novo lançamento do Patria que está por vir, o MCD "Gloria Nox Aeterna", via Monokrom. O que podemos esperar deste novo material? Como se deu a idéia da produção do clipe que virá neste trabalho?
Mantus - Considero que nossa música esteja em constante evolução, se é que posso chamar dessa forma. Muitos encaram a palavra "evolução" como algo negativo dentro do metal, mas não é o nosso caso. Não existe amenização! As músicas contidas nesse MCD carregam o mesmo clima intenso das músicas dos primeiros álbums, talvez com um trabalho um pouco mais apurado na produção e composições, que continuam extremamente barulhentas e obscuras, sem qualquer traço de comercialização. A evolução que falo é em relação a um amadurecimento de ideias e principalmente a possibilidade de se fazer algo que já foi feito muitos anos atrás, com nossa própria personalidade, sem soar idêntico ou uma cópia barata. O MCD tem prensagem limitada em apenas 250 cópias numeradas a mão em todo o mundo e conta com 4 faixas exclusivas, nossa demo de 2008 como bônus, além de dois vídeos: o promocional "Old Blood Legacy" de 2009 e o oficial "Culto das Sombras", ambos já lançados no Youtube.
O vídeo "Culto das Sombras" foi feito de forma independente e bastante arcaica na verdade!!! Não queriamos algo super-produzido, pois não é essa a cara da banda. Então encontramos a melhor locação ao meio da natureza aqui na região onde vivemos, juntamos uma equipe de grandes amigos, dispostos e com câmeras de mão amadoras, montamos o cenário de acordo com a idêntidade da música escolhida, e capturamos durante uma noite inteira de filmagens todos os takes e angulos possíveis. Com isso nós mesmos fizemos toda a edição e pós-produção do clipe. O resultado nos surpreendeu muito e tivemos respostas bastante positivas em relação a esse material.

12. Suas últimas palavras para aqueles que vem acompanhando o Patria a cada novo petardo lançado...
Mantus - Agradecemos todo o interesse e apoio a nossa música e realmente esperamos que todos apreciem nossos futuros lançamentos. Estamos aqui para representar o Black Metal e o Brasil da melhor maneira possível, sem nos sujeitarmos a escravização praticada pela indústria musical! Glória a Noite Eterna!!!

sábado, 11 de agosto de 2012

Poisonous


1. Saudações! É impossível começar uma entrevista com vocês sem perguntar o porque do fim da infame horda Impetuous Rage. Conte-nos como surgiu a banda e como você diferencia  o Poisonous do Impetuous Rage, em termos de música e temática.
Alex Rocha – Saudações da MORTE!!! O Impetuous Rage foi concebido por pessoas que já não faziam parte da mesma quando se deu o seu final. No começo não consegui colocar em prática o que realmente pensava como banda, devido as diferenças de personalidades, até que as coisas foram se ajustando e eu achei as pessoas certas para trabalhar, então, resolvemos dar início ao POISONOUS, que se difere da antiga banda em tudo, apesar de parecerem em algumas particularidades, pois ambas são bandas de DEATH METAL. O POISONOUS pratica uma música com os seus alicerces fincados na escuridão, na morbidez e na insanidade do estilo. Existe um clima mais primitivo no POISONOUS, e as letras são mais aberrantes e demoníacas que as do Impetuous Rage, que tratavam de uma visão de combate a religião como um todo, tema esse que abordamos ainda nos dias de hoje, mas com menos tenacidade.

2. Como foi o processo de (de)composição dos hinos do debut-CD do Poisonous? Algum vestígio de músicas antigas do Impetuous Rage, ou apenas novas composições?
Alex Rocha – Não existe uma fórmula a ser seguida. As coisas vão acontecendo de forma natural. Na verdade o que nos move é a loucura e inquietação na qual vivemos. O mundo é nossa fonte de inspiração e caminhamos lado a lado com o opositor de deus, vomitando nosso veneno, estuprando o rabo da virgem e cuspindo na merda do espírito santo, coroando a morte como o único objetivo final da humanidade.
A música “Poisonous” marca essa transição entre as duas bandas.

3. O debut álbum “Perdition´s Den” foi lançado também pela Genocide Prods, uma opção óbvia já que o material do Impetuous Rage também foi lançado pela Genocide, certo? Como tem sido a promoção deste material? Me parece que o mesmo também será lançado em LP, conte-nos a respeito disto.
Alex Rocha – A Genocide Prods. trabalha espalhando nosso álbum em parcerias com selos underground em todo mundo. O resultado disso demora um pouco para aparecer, mas, no fim é mais vantajoso, pois, com o tempo estaremos em vários países, além do que recentemente tivemos o “Perdition’s den” lançado em tape via Rawblackult da Bolívia. Pretendemos lançar esse registro em CD por um selo europeu ou americano, estamos trabalhando nisso ainda. O LP está sendo aguardado.  A Blood Harvest da Suécia é o selo responsável por isso.

 
4. Clássicos são clássicos e todos nós ouvimos e cultuamos os primeiros álbuns dos mestres: Possessed, Death, Morbid Angel, Immolation. Mas, me diga, quais foram os últimos álbuns, ou novas bandas que você realmente se interessou e ouviu incessantemente?
Alex Rocha – Recentemente tenho escutado o Godless do Chile, Adversarial, Vorum, Cerekloth, Diabolic-“Vengeance Ascending”, Disma, Drowned e Necros Christos da Alemanha, Extermination Angel, Force of Darkness, Grave Desecrator, Incrust, Embalmed Souls, Ignivomous, Nominon, Purgatory da Alemanha, Karnarium, Necrovation, Manticore, Grotesque Commnion, Magnanimus, Necroccultus, Nocturnal Vomit, Perdition Temple, Teitanblood, Voids Of Vomit, Slugathor, Throneum..., além de muito Venom, Possessed, Death, Morbid Angel, Hellhammer, Headhunter D.C., Iron Maiden, Sepultura, Black Sabbath, Slayer, Sodom, Samael, Malevolent Creation, Deicide, Sepultura, Acheron, Bathory, Sarcófago, Vital Remains – “Let us Pray”..., que são ícones. Isso é um pouco do que eu escuto trancafiado aqui em minha cova chamada de lar!

5. Recentemente saiu o mais novo do Morbid Angel. Ainda não ouvi, mas o comentário de todos é que o álbum é extremamente experimental e diferente. O que você acha deste tipo de coisa? Funciona com death metal, não funciona, depende? Algum álbum ou banda com outros elementos musicais que gostaria de mencionar? Pessoalmente, curto muito aquele LP “The Key” do Nocturnus. Extremamente criativo e foda.
Alex Rocha – Esse novo álbum do Morbid Angel é um tiro no ovo esquerdo, preocupando-se em não atingir  o ovo direito. Eu gosto de algumas faixas como “Existo Vulgore” e “Nevermore”. Ele poderia ser um bom EP, mas pra morrer a conversa não apoio a obra como um todo, e foi uma grande cagada deles. Acredito que as pessoas devem ser capazes de ter um senso crítico e enxergar que certas coisas não cabem dentro do DEATH METAL, mas, ai vai também muito da personalidade de cada um. O Morbid Angel caga e anda pra cena hoje em dia, então não se espante se mais maluquices vierem por ai. As bandas realmente comprometidas estão a margem do mainstream (rara são as exceções), e fazem um som focado no que é real em termos de conduta metal. Claro que elementos novos são muito bons, e se não parecerem forçados ou maluquice são bem vindos. Acima de tudo tem que estar o METAL DA MORTE inabalável.

6. Observei recentemente um certo aumento no número de bandas cultivando o death metal mais tradicional, principalmente com o surgimento de diversas bandas seguindo o estilo death metal sueco, ou americano do início do movimento. Você acha que isso foi apenas um fato, existe um certo modismo, ou de certa forma uma resposta ao fato de há pouco tempo atrás terem surgido diversas bandas de death metal focadas apenas no “tecnicalismo” musical?
Alex Rocha – Sinceramente não sei te falar o que passa pela cabeça das pessoas. Naturalmente que quando existem tendências, costuma-se chamar de moda ou algo do tipo, mas tudo na vida é formado de ciclos. As coisas vem e vão, e não será diferente com o death metal atual. No final uma grande leva vai embora e poucos permanecem e assim vamos sobrevivendo. É realmente uma seleção natural, e o DEATH METAL verdadeiro é atemporal, não tem prazo de validade. O que eu posso falar é que aqueles que chegarem agora e permanecerem serão bem vindos, e isso só o tempo é quem vai julgar e estabelecer parâmetros. De resto é conversa fiada, pois o DEATH METAL por si só vence todas essas lástimas capitalistas.


7. Conte-nos qual a fonte de inspiração para os hinos sombrios da banda e suas letras. Filmes de horror são essenciais para qualquer deathbanger, comente seus favoritos.
Alex Rocha – Músicas como “At Dawn They Sleep”, “Satan’s Curse”, Filmes como “O Exorcista”, “Evil Dead”, “Mensageiro de Satanás”, “Bebê de Rosemary”, “Death Wish”, além de temas como a morte, doença, insanidade, guerras, escuridão, sadismo, ou seja, o mundo doente em que vivemos como um todo, são algumas das coisas que me inspiram, e aos meus companheiros de banda: Michael, E. Evil e Marcelo, a continuar caminhando pelo caminho da mão esquerda. Nosso real pesadelo é uma babilônia aonde o dia nunca nasce e gritos de horror são entoados como o único alento. Nós esperamos o fim completo. Utopia? FUCK OFF!!!


8. Como é o movimento em termos de shows por ai? A banda tem se apresentado muito durante este ano? Quais as maiores dificuldades? E diga-me, alguma perspectiva de ver o Poisonous tocando por aqui em Minas no futuro?
Alex Rocha – Shows acontecem por aqui, apesar de eu não ir a muitos shows aqui em Salvador. Falta estrutura para as coisas acontecerem. As casas de show são muito caras, e as mesmas são alimentadas pela música local que consome as pessoas como um câncer, tornando-as burras e cegas. Na verdade eu odeio isso aqui, odeio as pessoas desse lugar, e essa postura minha não é coisa de roqueiro sem causa ou rebelde maluco, eu apenas não compactuou com o modo de vida que o povo baiano leva em seu cotidiano. As pessoas aqui vivem numa miséria, mas se tiver um trio tocando música de adestrar macaco fica tudo beleza. Podemos passar fome, não ter direito a saúde, sem contar os índices de homicídios e latrocínios elevados, que não existe problema na terra do axé de lixo. Então mantenho-me trancafiado em minha prisão domiciliar com meus discos e freqüentando a casa de poucos amigos para beber e ouvir algo. Tocamos pouco por aqui, ainda bem, média de 1 vez por ano, e por isso preferimos tocar fora, então se os produtores de Minas resolverem nos levar para praticar DEATH METAL ai será um prazer doentio essa conquista. Esperamos propostas honestas e sinceras daqueles que realmente praticam o Underground. Em qualquer parte do mundo o POISONOUS representa METAL DA MORTE e nada mais!!!


9. Como é a vida do headbanger na Bahia, terra do samba e de uma cultura totalmente diferente do metal?
Alex Rocha – Uma merda! Não vale a pena comentar sobre isso aqui. Vivemos isolados de tudo. MORTE as pessoas da Bahia. Apenas as belezas naturais devem ser exaltadas aqui. Para nossa cena é tudo difícil. Realmente tem que se ter 666 culhões para se fazer metal aqui F.O.A.D.!

10. Meu caro, termino essa entrevista por aqui, para terminar deixe suas últimas palavras e conte-nos o que podemos esperar do Poisonous para frente.
Alex Rocha – Vocês podem esperar do POISONOUS somente terror, caos, insanidade, zombaria, febre e DEATH METAL! Estamos na expectativa de nosso primeiro álbum “Perdition’s Den” de 2010 ser liberado pela Blood Harvest da Suécia neste momento, além disso um split está sendo concretizado com bandas européias e uma do México, e no meio disso tudo já estamos trabalhando nas sentenças de MORTE do nosso segundo álbum! Queimem o Vaticano!!! “AT WAR WITH SATAN”!!!


Contatos
P.O. Box 6955
AC Pituba
41810-971
Salvador - BA - Brazil

poisonousdeathmetal@yahoo.com.br
www.myspace.com/poisonousdeathmetal

Florestas Negras


Entrevista com a horda Florestas Negras

1. Saudaçõeses Sátiro Pan! Bom para começar esta entrevista conte-nos o que está¡ ouvindo neste exato momento.
Saudações...neste momento estou envolto pela negativa vibração de Under the Pagan Hammer do Faustcoven.

2. Comente um pouco sobre o começo da banda e assim sobre a reestruturação da line-up que a banda teve depois do lançamento de
"Circulo Triunfante de Fogo e Sangue".
Idealizei o culto Florestas Negras em 1999 e começamos a ensaiar no início de 2000. Naquela época a idéia genuína por trás do Florestas Negras era fazer Black Metal Pagão calcado em ideais elitistas, enaltecendo o paganismo Sulamericano e ser uma gota de veneno letal para o cristianismo. Depois do lançamento do Círculo Triunfante de Fogo e Sangue, fizemos um gig com o Incantation (20.11.03), e logo após esse evento ficamos sem baterista e baixista. Depois disso houve uma sucessão de membros, cronologicamente:
2003-2005 
SátiroPã(G/V), Berkana(K), Uruz A (B Session), Lathorn(G Session)
2005-2006
SátiroPã(G/V), Berkana(K), Necrofagus(D), Necrossomus(B),
Reviroth(G)
2006-2007
SátiroPã(G/V),Berkana(K),Necrofagus(D),VladD’hades(B), Reviroth(G)
2007-2008
SátiroPã (G/V), Berkana(K), Necrofagus(D), Vlad D’hades(B)
Atual
SátiroPã (G/V), Necrofagus(D/V), Vlad D’hades(B/V)

3. Recentemente a Berkana deixou a banda. Comente sobre o motivo de sua saí­da e como você diria que está o som atual do Florestas Negras, já que o teclado não está mais presente em seus hinos. Podemos de alguma forma esperar que as músicas ficarão mais agressivas?
A contribuição dela chegou ao fim por motivos pessoais. Mesmo com sua saída houve uma cooperação na gravação do Necro Paganismo Austral, que foi o componente que faltava para que a concepção do opus ficasse completa. Não temos nada a dizer que comprometa a postura e a honra da Berkana em todos os anos que ela permaneceu no clã. Decerto o som está mais direto, mais agressivo, porém, ainda atmosférico. Sem os teclados, exploramos mais riffs com sonoridade dissonante, e algumas combinações que remetem a sentimentos depressivos. Com isso, alguns dos novos sons estão mais lentos, o novo material não terá ou terá muito pouco blasting beats, seguindo uma linha mais mid tempo.

 4. O artefato "Necro Paganismo Austral" foi lançado no formato cassete pela GoatMusic Records. Como foi a gravação desta demo? Quanto tempo demorou para obtê-la a partir do primeiro instante em que ela foi projetada?
A gravação da “Necro Paganismo Austral” ocorreu durante várias sessões de gravações regadas a álcool e dentro de uma atmosfera propícia, com poucas pessoas. Foram 6 longos meses desde o primeiro riff até a masterização, o que nos demandou muita deadicação e paciência.

5. Como aconteceu a oportunidade para que Vlad D’hades participasse na banda? Como foi a entrada de Vlad D’hades para a banda considerando a sua vasta experiência com outras bandas anteriores e projetos paralelos? A sua entrada modificou de alguma forma o processo de crição musical da banda?
Eu já era apreciador da arte negra concebida pelo Vlad há alguns anos até que ele voltou para Brasília e começamos a trocar algumas idéias. Ele também apreciava o som e principalmente a postura do Florestas Negras, e tão logo o Necrossomus se desligou da banda, ele se juntou ao clã. A entrada do Vlad trouxe elementos mais obscuros e negativos ao Florestas Negras, contribuição musical, ideológica e expertise de alguém que conspira com as trevas desde o início dos anos 90.

6. Quais foram as suas inspirações musicais na época da criação da banda? Essas influências mudaram ao longo dos anos desde a origem da banda?
Na época da criação do Florestas Negras eu estava muito ligado em bandas européias e da mesma forma, em bandas do underground brasileiro dos anos 90. Eu ouvia bandas como Emperor, Satyricon, Dark Throne, Arckanum, Mayhem, Enslaved, Burzum, Rotting Christ, Varathron, Samael, Profane Creation, Mystifier (álbuns antigos), Desejo Impuro, Murder Rape, Crucial, Songe D’enfer, Evil, Berzabum, Embalmed Souls dentre muitos outros.Também sempre fui muito ligado em alguns compositores de música clássica, o principal é Richard Wagner.
Mal ou bem, você acaba sendo influenciado pelas coisas que escuta, é um processo natural. Com certeza as influências mudaram, o som ficou mais enegrecido, menos contemplativo, mais beligerante e soturno progressivamente e, apesar de eu escutar ainda muitas das bandas que citei, as composições vão soando cada vez mais de uma forma própria e identitária.

7. Além do Florestas Negras, você Sátiro Pan, está envolvido com algum outro projeto?
Atualmente não estou envolvido com nenhum projeto, estou completamente ligado e comprometido com o Florestas Negras.


8. De que forma o tema paganismo é explorado pelo Florestas Negras em suas músicas e letras? Quais civilizações e culturas pagãs são abordadas?
Nós definitivamente não abordamos um paganismo colorido, não somos um culto a árvores tampouco queremos voltar no passado e montar em cavalos. Exploramos o paganismo em seu lado mais obscuro, nos influenciamos pelas antigas religiões e cultos de um mundo que está morto agora. Nada haver com as recentes religiões neo-pagãs humanistas e politicamente corretas. Particularmente, me interesso pela influência dos deuses nos homens antigos, nas guerras por dominação e expansão de territórios, por sacrifícios, pelo caos, pelo derramamento de sangue, pela oposição ao cristianismo e as doutrinas dos desertos, e pela ligação genuína do paganismo primitivo com as força primordiais de Gaia. Em “Círculo Triunfante de Fogo e Sangue” as nossas letras foram mais direcionadas ao paganismo Sul-americano, sobre as guerras de oposição a cruz e sobre aspectos beligerantes dos povos pré-colombianos. Em “Necro Paganismo Austral” existem elementos de cultura céltica, pré-colombiana (em pitadas bem menores) e influências de revisionismo histórico (Sem ser da 2ª guerra). Apesar de me influenciar por essas culturas ao escrever as letras, procuro não me ater a uma fidelidade a esses temas, nossa arte não é uma aula de história e sim, Black Metal contra as religiões dos desertos, utilizando elementos que não são parte da cultura hebraica-semita, mas seus (de)predadores.


9. Ainda quanto às letras e temática da banda, vejo que de certa forma
o tema "necro"/"morte" permeia as composições da banda ("Necro paganismo austral", "O chamado das falas mortas", etc). Comente a respeito.
Todas as letras do álbum “Necro Paganismo Austral” tratam sobre temas relacionados a morte, a natureza morta. A concepção deste álbum gira em torno de um paganismo necromantico, nostálgico, uma ode ao que está morto e enterrado e que nunca irá retornar. Cinzentos pedaços de histórias perdidas nas brumas do passado, o crepúsculo de um tempo, o inverno de uma era, a noite da antiga ciência, um funeral e cinzas. Isto é o que se pode extrair desse material num contexto geral, esse tipo de sentimento envolto numa série de elementos do paganismo. “Ode ao Deus trovão”, por exemplo, também fala sobre a morte, a morte dos deuses ancestrais, do espírito do mundo antigo e o cumprimento de ciclos, o que envolve concepção e morte. Da mesma forma, “O Agouro”, baseia-se em rituais de vaticínio, necromancia, em que na agonia da morte de uma vítima do sacrifico se obtinha augúrios ou adivinhações do futuro. A morte é um tema que se perpetuará nas letras do Florestas Negras, uma ode ao crepúsculo da humanidade.

10. O que podemos esperar de uma apresentação ao vivo da banda? Quais foram os melhores evento que já tocaram?
Nesses 10 anos de existência, tocamos apenas 6 vezes. No geral, não nos interessamos por apresentações ao vivo: público incompatível, metaleiro, conversas tortas, equipamentos ruins, promotores picaretas. Só tocamos quando realmente temos vontade e quando todos os aspectos envolvidos estão ok para nós: pessoas, estrutura, bandas, vontade. O melhor evento que tocamos foi em 2007 em Brasília “the true samhain”. O que as pessoas podem esperar de uma apresentação do Florestas Negras é apenas frieza e gélido Black Metal.

11. Comente a respeito da cena black metal brasileira atual e aponte aspectos positivos e negativos da mesma.
Com a exceção de poucos maníacos, bandas, selos e zines, todos muito reduzidos, eu não tenho nada de positivo a falar da “cena” brasileira.

12. A respeito dos lançamentos da banda, vejo que a banda possui uma certa admiração pelo formato dos releases. Por exemplo, o CD "Circulo Triunfante de Fogo e Sangue" foi lançado em uma espécie de Digipack e mais, a demo-tape "Necro Paganismo Austral" só foi lançada em tape. Porque não obtaram por usar o CD-R por exemplo?
O nosso debut teve o formato digipack, um dos primeiros lançamentos do subterrâneo brasileiro nesse modelo, e o mérito é todo dos selos que o lançaram na época(2001/2002). Eu acredito que o formato não seja lá tão importante, porque a evolução desses formatos em nosso século é muito dinâmica. De que adianta eu louvar um formato se amanhã ele pode não existir mais? Apesar disso, não tenho muita preferência por CD-R’s, simplesmente não gosto. Eu tenho um grande apreço por materiais lançados em tape e em minha opinião, este formato guarda grande parte da essência que o BM já teve, não por ser uma fita, mas porque me remete aqueles tempos, apenas isso e para mim faz todo o sentido. O Florestas Negras ainda não tinha um lançamento oficial em tape e as tapes estão condenadas a extinção. Então, escolhemos o formato como um tributo ao antigo underground e como uma oposição ao moderno Black Metal “for fun” propagado em comunidades de homossexuais e feito para as massas.



13. Qual o papel da internet para a banda? Como você vê a internet, MP3 e sites de relacionamento, como por exemplo Orkut ou MySpace no contexto underground?
Considero a tecnologia como um fator importante: a nuvem pode oferecer uma série de conteúdos interessantes se você quiser se aprimorar em algumas áreas do conhecimento. Porém, para o Florestas Negras, fora os e-mails, a Internet não tem papel nenhum. Eu acredito que tanto a Internet quanto suas crias como as redes sociais e as famosas “comunidades” nasceram para unir as pessoas, aproximar as pessoas, socializá-las. E ao meu ver, as idéias por trás do Black Metal são o oposto disso, enquanto eles querem unificar, o Black Metal prega (ou pregava) o elitismo, o segregacionismo (de pensadores). Num contexto underground, a coisa chegou a um ponto vergonhoso: as comunidades de “Black Metal” são incontáveis e os “Black metallers” parecem mais adolescentes emos com seus “thanks to add” e toda a baboseira que se lê nessas merdas, declarações de alianças (que todos sabemos serem falsas), amizades plásticas e virtuais, exibição de álbum de fotos com as suas camisetas de bandas, guerras de egos, necessidade de fazer parte de algo, paqueras, enfim...socialização. Para nós é tudo uma piada. Como disse anteriormente, não sou contra a tecnologia, mas não acho que comunidades e merdas do tipo sejam um veículo apropriado para propagar idéias dessa alçada.

14. No release da banda encontramos a seguinte declaração: "Florestas Negras is a underground Pagan Black Metal act and isn't part of any circle or scene". Ao meu ver, entendo isto como uma forma de se distanciar de idiotas, círculos e panelas estúpidas que se formam. Comente a respeito.
O Florestas Negras desde sua concepção segue contra a maré que tenta nos engolir. Nunca precisamos fazer parte de panelas ou movimentos para nos manter, e convivemos o menor tempo possível com determinadas pessoas para confirmar que aglomerações são demasiado humanas e desastrosas: traições, fofocas, inveja e derrota. Todos os círculos de pessoas são iguais e possuem os mesmos vícios, mesmo tendo idéias diferentes. Logo, não fazemos parte de qualquer círculo de pessoas, não fazemos parte de nenhuma gangue de bandas, não aderimos a nenhuma campanha de internet, não levantamos nenhuma bandeira a não ser a de devoção às artes negras, não perdemos nosso tempo com pequeníces, não apoiamos os “Black Metal” reality shows. Andamos com nossas próprias pernas e sem vetas sob os olhos.
  
15. Finalmente, agradeçoo a ti Sátiro Pã pelo seu tempo e atenção dedicada a esta entrevista. Deixe seus comentários finais...
Grato pelo apoio ao Florestas Negras. Aprecio e respeito o Dark Gates Zine desde a primeira edição. Ovelhas da cena, fofoqueiros de plantão e doutrinadores de idiotas, mantenham distância e não percam seu tempo. Florestas Negras é Black Metal Pagão contra as religiões dos desertos!