sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Black War - Winter Sorrow


Black War - Winter Sorrow (Hammer of Damnation)

Por Brucolaques

Neste álbum de estréia, o que se ouve é um definitivo Raw Black Metal, bem similar ao que bandas como Darkthrone e Burzum executavam no início dos anos 90, mas com extrema qualidade. O Black War de fato reúne qualidades inquestionáveis neste álbum como musicalidade forte, riffs certeiros, cozinha sólida, arranjos grandiosos, passagens atmosféricas bem cuidadas e inspiradas (obtidas via teclados), vocais desesperados e um know-how invejável de 13 anos que o credita a executar perfeitamente a sua proposta. Por isso, não causa surpresa constatarmos o poder de fogo que explode das majestosas “Winter Sorrow”, “Lake of Tears”, “Chaos of Mankind” e do cover para “Transilvanian Hunger” que não deve em nada à versão original criada pelo Darkthrone. Vale ressaltar também que este álbum traz como bônus a sua Demo, “As the Darkness Prevails”, de 1999. Uma banda simplesmente esmagadora!

Abigor - Time is the Sulphur in the veins of the Saint...

 
Abigor - Time is the Sulphur in the veins of the Saint...

Por André Machado (A.C.)


Nesta verdadeira obra-prima, Abigor continua rompendo fronteiras rumo ao infinito; Em “Time Is The Sulphur In The Veins Of The Saint”, eles conseguiram unir um dos trabalhos de bateria mais avançados que já escutei dentro do estilo, arranjos no baixo com inspiração em nível máximo, e um timbre de guitarras que une os últimos trabalhos com algo que nos remete a alguns dos álbuns mais antigos. São apenas 2 faixas totalizando mais de 40 minutos de uma viagem inter-galática no universo de Satã, um álbum bem-vindo às mentes mais livres que enxergam a escuridão em sua complexidade, palavra-chave aliás, para resumir este álbum. Não esperem formas convencionais de Tema – Pré-Refrão – Refrão, tampouco as velhas construções unicamente em cima das velhas Tônicas e Dominantes... É um trabalho que nos apresenta a algo que podemos encarar como o futuro da música escura no Metal, utilizando recursos diversos como samplers, trabalhos vocais em diversas direções, e arranjos pra lá de inesperados nas cordas (principalmente nas guitarras). Dito isso, vale ressaltar o extremo bom gosto dos integrantes, já que não são, nem de longe, recursos de fácil bom resultado. 

“Tempo é a forma de Satã para impedir que tudo aconteça de uma única vez.”

Não indicado aos puristas...

Vultos Vociferos - Sob a Face Oculta


Vultos Vociferos - Sob a Face Oculta  

Misanthropic/Eterno Abismo/Mutilation Records)

Este é o segundo álbum desta consolidada e experiente banda de black metal brasileira. Então, o que esperar deste álbum? Considerando o fantástico debut "Ao Eterno Abismo", as espectativas são altas, e por isso digo de imediato que a resposta da banda atende a todas espectativas e ainda te deixa tonto. Mais rápido, frio e diabólico que o album anterior, a banda mostra porque se consolidou dentro do black metal nacional. Os vocais em português continuam presentes e cada vez melhores e mais naturais, como por exemplo na faixa de abertura "Sacrificio Sangue e Poder". O som está mais furioso, como uma mistura infernal de Mayhem nos melhores momentos de "De Mysteriis.." em passagens mais sombrias e Immortal com aquele sentimento frio e cortante, alilado a um toque característico e único da banda! A bateria é impiedosa, uma verdadeira destruição como na terceira faixa, aliás, umas das melhores do CD, "Sob a Face Oculta de Baphomet", assim como "Algoz de Deus". A última música "Supremacia" é fantástica, ríspida como sempre, me lembra um pouco do primeiro CD da banda com algumas pegadas a la Celtic Frost. Realmente um grande lançamento do black metal brasileiro, ao contrário da grande maioria de merda, esta é uma grande obra que merece ser respeitada e ouvida no máximo!

Demogorgon - Tenebrae

 
Demogorgon - Tenebrae (Headbanger Force Productions) 

Por Brucolaques 

Finalmente chega em nossas mãos um dos mais impuros e aguardados artefatos já lançados sob o termo Black Metal, o debut álbum do Demogorgon. Esta banda mineira nos presenteia com uma blasfêmia recheada de climas obscuros e infernais, apresentando uma rifferama crua e gélida, bateria violenta em certos momentos e cadenciada em outros e um trabalho de vocal agonizante e atormentador, resultando em quatro pérolas da escuridão (o álbum ainda contém uma Intro e um Outro, compostas em piano). Ao ouvir “Tenebrae” você consegue sentir a influência de Dissection e do velho Mayhem na música da banda, pois a mesma consegue resgatar bem, em sua sonoridade e produção, aquele espírito do velho Black Metal dos anos 90. As músicas “Wandering”, “Act”, “End: The Flight of Light” e “More than Hell” não me deixam mentir. E para os desavisados, o Demogorgon não se trata de uma destas bandas atuais e clichês de Black Metal, pois este maligno artefato é totalmente designado aos que realmente cultuam a arte obscura do Black Metal.

Spell Forest - Verum


Spell Forest - Verum

Por Brucolaques
 

Não seria mero exagero dizer que “Verum” é um dos trabalhos mais vorazes e seminais lançado pelo Spell Forest, que mesmo com tantas mudanças de formação ao longo de sua história, conseguiu lançar álbuns de tamanho padrão de qualidade dentro do Black Metal, tornando-se uma das principais referências do gênero no Brasil. Neste quinto álbum, a banda manteve aquela sonoridade executada em seus dois últimos álbuns, com vocais ríspidos, guitarras gélidas, passagens extremamente ásperas ligadas a outras um pouco mais atmosféricas e recheadas de peso. A única diferença talvez seja a redução no uso de intervenções de violão nas músicas e uma dose a mais de melancolia nas linhas de teclado, mas nada que diminua a velha e ameaçadora proposta Satânica da banda. Certamente, “Verum” é um dos registros mais significativos do Spell Forest em toda a sua discografia e é de se lamentar o fato de nenhum selo tê-lo lançado (ou mesmo a banda, de forma independente), pois o mesmo encontra-se disponível apenas para download, em seu site oficial.

Sadistic Gore - Tools of Monstrosity


Sadistic Gore - Tools of Monstrosity

Por Brucolaques


Death Metal na sua mais pura essência bruta. Vindos de terras mineiras, o Sadistic Gore mostra nesse seu MCD de estréia ótimas composições e uma evolução grandiosa se comparado ao seu CD-Demo “Buried Alive”. Riffs avassaladores despejam paulada atrás de paulada, aliando toda aquela técnica habitual do gênero com solos bem encaixados e definidos a bases violentíssimas, demonstrando grande influência de bandas tradicionais norte-americanas em sua música. Em suma, um trabalho dedicado àqueles que deliram com a violência do Death Metal, executado por este que é mais um nome a levantar a bandeira do gênero no Brasil.

Eminent Shadow – In The Fog of the Night…We Burn his Kingdom

 
Eminent Shadow – In The Fog of the Night…We Burn his Kingdom (Misanthropic Records)

Após vários anos na luta e do lançamento do seu debut álbum “Final War” em 2006, eis que estes  quatro guerreiros apocalípticos lançam este obscuro e sinistro petardo do metal da morte. Neste álbum, temos uma breve intro seguida de seis hinos fudidos de um death metal pesado e agressivo, cadenciado e extremamente barbárico. As cordas enchem o som de peso, a cozinha executa muito bem seu papel e como se isso não bastasse o vocal é monstruoso, gutural ao extremo com variações rasgadas em momentos bem oportunos. Algumas letras abordam a guerra ao cristianismo de forma épica, outras mencionam diversas entidades demoníacas. A primeira música “Confront of the Gods” é excelente, cadenciada, brutal, épica e rápida em certas passagens. O som lembra muito bandas antigas como o Miasma, Vital Remains no seu clássico “Let us Pray”, até mesmo algumas passagens de músicas mais carregadas e com andamento mais lento do Morbid Angel. Destaque para as faixas “Bloody Conspiracy”, “Barbaric Worshipper” com um excelente trampo na bateria e a última música blasfemada em nossa língua “Fúria do Aço”. Para fechar, um tributo aos deathbangers austríacos do Miasma com o grande clássico “Baphomet”. Excelente lançamento!

Offal




Entrevista com Offal
 
1. Saudações a todos do Offal! Gostaria de começar esta entrevista com um breve resumo sobre a trajetória da banda e sobre suas últimas atividades. 
 
André: Olá, como vai? Bom, as atividades da banda tiveram início em 2002 quando ainda se chamava Orgy in Excrements, mas apenas em 2003, após algumas mudanças de formação tivemos a formação propriamente dita do Offal. A banda teve início apenas como um projeto entre amigos, um passa-tempo de final de semana, onde nos reuníamos apenas para tocar alguns covers das antigas bandas que sempre gostamos como Sodom, Destruction, Sarcófago, Death, Autopsy... Porém com o passar do tempo surgiram algumas oportunidades interessantes como o lançamento do primeiro CD e convites para tocar “ao vivo”, então o Offal realmente passou a ter caráter de banda mesmo e não mais de um simples projeto. Os objetivos sempre foram bastante simples, apenas fazer o que gostamos sem compromisso algum, tocar o bom e velho Death Metal essencialmente com características da velha-escola sempre tendo isso como uma grande homenagem, uma retribuição ao que as velhas bandas do final dos anos 80 e inicio dos anos 90 fizeram e nos deixaram como legado e manter esse velho espírito sempre vivo e presente! Atualmente seguimos apenas divulgando os últimos materiais que foram lançados, o novo CD e os splits. 



2. Como surgiram as oportunidades para os lançamentos do split com Decrepitaph e Anatomia? Vocês preferem o material de vocês em LP/7"EP ou CD? Vocês estão preparando algo novo para 2012, dado que o último lançamento foi de 2010?
 
André: Ambos os splits foram lançados no final de 2010 e ocorreram naturalmente em decorrência do crescimento da exposição e aceitação da banda ao redor do mundo. Nossa porcentagem de cópias já se esgotaram a um bom tempo, porém ambos ainda encontram-se disponíveis e podem ser adquiridos através dos selos que os lançaram, NO POSERS PLEASE (Noruega) e GRIND BLOCK RECORDS (Itália). Esses materiais são bastante importantes para nós pelo fato de termos conseguido lançar o Offal em diferentes formatos, principalmente o vinil que realmente sempre foi e sempre será um grande atrativo para os fãs de Death Metal, pois creio que existe um certo romantismo, há a história do formato clássico por trás disso tudo e isso é realmente muito especial! As músicas presentes nestes lançamentos são inéditas e da mesma sessão de gravação do Macabre Rampages... ou seja, mais Death Metal da velha escola, pútrido e grotesco! Sim, sim... temos recebido alguns convites para novos lançamentos, alguns são bastante interessantes. Estamos trabalhando em algumas músicas novas e acredito que esse ano ainda devemos ter algumas novidades quanto a novos lançamentos.
 
Tersis: Penso que o CD “Macabre Rampages and Splatter Savages” é um dos mais importantes materiais na discografia do Offal. As músicas foram compostas, desenvolvidas e aprimoradas sem pressão de datas ou coisas do tipo, portanto pudemos buscar o detalhamento que buscávamos desde o início. Interessante citar as conexões conceituais exploradas no material, começando pela capa e seguindo por toda a estrutura do disco, desde as músicas, introduções, letras e material gráfico em geral. Os lançamentos em vinil foram muito importantes por tudo aquilo que o André já disse, mas para mim são músicas realmente especiais que ficaram de fora do disco, apesar de terem sido gravadas na mesma seção. Sempre que possível ouço esses LPs em casa...  



3. Uma coisa que gosto muito no som de vocês é o clima sinistro que emana das músicas, assim como todas boas bandas de death metal, como Autopsy, Incantation, Death, por exemplo. Sempre achei esse feeling mais interessante que a supervalorização da técnica e velocidade... e de certa forma o Offal está muito bem equilibrado nestes dois quesitos. Dentro da atual cena, isso os torna únicos em minha opinião, e acredito que os fãs da banda também apreciem isso.  Conte-nos sobre seus gostos musicais e inspirações para composição. Existe alguma banda que quando vocês ouviram pela primeira vez bateu aquele pensamento "quero aprender a tocar e fazer um som assim!"? 
Tersis: Obrigado pelos elogios! Para criar esse clima, é preciso realmente gostar de Death Metal. Todos somos fanáticos pelo gênero, além de sermos grandes fãs de filmes de horror e cinema trash. Ao meu ver, a soma desses elementos faz com que haja um reflexo natural na composição. Comecei a ouvir esse som nos anos noventa, inicialmente com bandas mais acessíveis como Sepultura (old), Slayer, etc. Conforme o tempo foi passando, fui descobrindo outras linhas, cada vez mais extremas. Lembro de ter explorado no gênero bandas como Death, Deicide, Gorefest, Napalm Death e tantas outras, mas todas elas enquanto estavam em seu auge (hoje considerados discos clássicos). A partir desta base, comecei a buscar outras referências, mais underground e algumas bem desconhecidas. Posso dizer que assim como você, prefiro esse feeling, infelizmente raro de se encontrar hoje em dia. Mas ainda busco muita coisa, tentando sempre resgatar materiais de bandas antigas.

4. André Luiz, você sempre esteve presente de forma marcante na cena goregrind com seus insanos berros no Lymphatic Phlegm. Digamos que de certa forma por ser uma banda de estúdio o LP nunca se preocupou em realizar shows (certo?). E agora, com o Offal, como se sente subindo ao palco para vomitar sangue ao vivo? Como foram os shows de vocês até hoje?
 
André: Bom, tocar “ao vivo” com o Offal sempre foi um fato raro, pois sempre tivemos muitos problemas quanto à disponibilidade de tocar, quando acontecem procuramos fazer as coisas de forma com que possamos passar o que sentimos e o que o Offal pretende, principalmente no sentido do resgate do Death Metal do final dos anos 80 e início dos anos 90, apenas isso! Não somos precursores de nada, não queremos criar nada, fazemos apenas uma homenagem a tudo aquilo que faz parte de nossas vidas desde nossa adolescência! A energia contida nisto tudo é muito grande e a resposta do pessoal nas apresentações é muito positiva, então não há como não dar certo, energia e diversão do começo ao fim! A partir do momento em que as pessoas se identificam com alguma coisa, elas também querem mostrar o que sentem nesse sentido e então as coisas acontecem de forma ainda mais forte, é a união de dois sentimentos que se exacerbam, que se tornam explícitos naquele momento, uma troca positiva que leva a um resultado bastante interessante, acho que é isso que ocorre quando tocamos!
 


5. Aproveitando o assunto, como você compararia o processo de composição do Offal com o Lymphatic Phlegm? Alguma diferença? Em termos técnicos, alguma banda exige mais de você? A experiência anterior com o Lymphatic Phlegm certamente contribui em algum aspecto.

André: São processos completamente diferentes, não há absolutamente nada a ver um com o outro, inclusive não gosto de fazer comparações, pois são coisas bastante distintas! Quanto á exigência, ambas se assemelham em todos os aspectos e a experiência com o LP me ajudou bastante quanto a questão de estúdio, pois fica bem mais fácil saber como proceder em uma gravação, por exemplo, já contando com experiências anteriores.

6.Introduções retiradas de filmes de horror são com certeza uma característica de muitas bandas de death/gore/grind, basta lembrar de Impetigo, Mortician e etc. Enfim, achei curioso vocês listarem de qual filme foram retiradas  as introduções, pois dos álbuns do Impetigo/Mortician que tenho, nenhum cita. Por um lado acho que perde o mistério, pois como fã de filmes de horror sempre achei interessante aquela sensação de descobrir de qual filme é a intro. Por outro lado, isso nos revela quais são seus filmes favoritos e nos permite descobrir novos filmes. Tem alguma coisa a ver com direitos autorais, ou foi uma escolha de vocês? Comente a respeito.

André: Então... exatamente pelo fato de levar anos tentando descobrir de quais filmes foram retiradas as intros que as grandes bandas usaram em seus discos que tive a idéia de mencionar no nosso encarte de quais filmes, citando ano e diretores, as intros foram retiradas. Acho que o pessoal gostou da idéia, pois recebemos diversos comentários positivos sobre esse item. Apesar de que os filmes escolhidos por nós para o último álbum não serem tão obscuros e de difícil acesso, foi interessante especificar a origem das introduções, ainda mais para leigos ou pessoas que não conhecem filmes do gênero de forma geral.



7. O que você diria da cena de gore/grind de hoje em dia? Eu gosto bastante do estilo há um bom tempo, entretanto percebo que está cada vez mais dificil de achar bandas que fazem uma música boa, com personalidade e estilo. A grande maioria é muito vazia, querendo ser a mais porca, ou a mais barulhenta, ou apenas arte gráfica com sangue e putaria. De certa forma, isso é meio parecido com a supervalorização que muitas bandinhas dão a questão do visual dentro do black metal, por exemplo. Felizmente temos muitas bandas nacionais boas, seguindo a estrada há um bom tempo ou começando agora com sangue fresco (Flesh Grinder, Lymphatic Phlegm, Gore, Sarcastic, Expurgo, Expose Your Hate, I Shit on Your Face e etc).
 
André: “Cena gore/grind”? Isso não existe já faz muito tempo, no Brasil é claro! Enquanto no exterior o pessoal realmente age de forma conjunta, como uma cena mesmo, apoiando selos e bandas, adquirindo material original, indo a shows e etc… aqui tudo continua a mesma m… de sempre ou pelo menos a mesma m… de bastante tempo atrás! São cada vez mais raros os consumidores de material original, os blogs de download de material se proliferam dia-a-dia, os eventos do gênero raramente conseguem levar 100 pagantes e normalmente os organizadores ficam com os prejuízos (Eu e o Tersis podemos afirmar com o evento The Matter Of Splatter)… a triste realidade é essa! Hoje é realmente muito difícil falar em “cena”, pelo menos para mim ela não existe e duvido que alguém prove o contrário! Bandas e pessoas vêm e vão e o tempo sempre se encarrega de mostrar quem é quem, apesar de termos uma série de bandas legais que estão fazendo bastante barulho hoje em dia, pra mim as últimas grandes bandas de gore/grind de VERDADE que surgiram e que infelizmente já acabaram foram o NEURO-VISCERAL EXHUMATION/SP e o FECULENT GORETOMB/CE, outras vêm bem atrás! No Death Metal nacional atualmente gosto muito do HEADHUNTER D.C (Sem comentários!), ESCARNIUM/BA, MASS EXECUTION/ES, THE BLACK COFFINS/SP e a melhor de todas: INFAMOUS GLORY/SP.

Tersis: Sobre a questão de apoio e a “cena”, temos observado que lá fora ainda há valorização do material original, tanto é que a maior parte dos discos que lançamos foi enviada para o exterior. Talvez o poder aquisitivo seja maior em países mais desenvolvidos, porém bandas undergrounds e selos independentes normalmente tem materiais com baixo custo. Acredito que o público mais jovem já nasceu numa geração onde a música “é gratuita” e pode-se encontrar qualquer coisa para fazer download na internet. Admito sentir muita falta das lojas que tínhamos na cidade, além de toda aquela expectativa quando descobríamos que uma banda iria lançar material novo. Fazíamos encomenda de CDs sem nunca ter ouvido nem uma prévia e aguardávamos dois, três ou até seis meses para receber o material. Toda essa magia está se perdendo pelo imediatismo que a ansiedade de informação trás. Ainda hoje sigo esse ritual: compro discos em diversos formatos e aguardo o recebimento para poder ouvir em casa com calma, observando todos os detalhes como a arte, informações e letras.



8. Sei que vocês cultuam bandas antigas de death metal como o Autopsy. O que vocês acharam do retorno da banda e do seu novo álbum? Para mim, foi fantástico ouvir um material novo, e sobretudo de altíssima qualidade...os caras não perderam o feeling, continua macabro como sempre. Algum outro lançamento Death Metal de banda (nova ou antiga) chamou a atenção de vocês recentemente?

André: Genial! Eu sou suspeito para falar, pois eles são minha banda de Death Metal favorita de todos os tempos, então... Particularmente eu estava receoso com a volta deles, pois esses retornos geralmente são trágicos e frustram grande parte dos fans, mas felizmente eles ainda continuam geniais como sempre e o MACABRE ETERNAL é um grande álbum, longe dos clássicos como o MENTAL FUNERAL, por exemplo, mas ainda um excelente disco! Putz meu, os suécos continuam reinando como sempre, GRAVE, UNLEASHED, DISMEMBER (Que infelizmente acabou!), os novos materiais do ASPHYX e CIANIDE são muito fodaaa, das bandas digamos “mais recentes”, algumas já não tão recentes temos o DECREPITAPH, MAUSOLEUM, NECROWRETCH, MAIM, BASTARD PRIEST, UNDERGANG, FUNEBRARUM, MORBUS CHRON, DEAD CONGREGATION, GRAVE MIASMA, STENCH OF DECAY, CRUCIAMENTUM, DISMA, porraaaaa só banda foda!

Tersis: Eu gostei bastante do “Macabre Eternal”. Eu já tinha gostado do “The Tomb Within” e não sabia se eles lançariam um bom álbum, mas realmente superaram o EP. Na verdade, também sou fã da banda. Conheço pessoas que não gostam de discos como o “Shitfun”... talvez a atmosfera seja um pouco diferente pois marca aquela transição para o Abscess, enfim... Realmente os materiais novos não tem a mesma magia de antigamente (acredito ser quase impossível conseguir reproduzir isso hoje em dia), porém são ótimos discos. Devo admitir que parei um pouco no tempo e alguns lançamentos de bandas velhas eu mal tenho acompanhado. Recentemente tentei ouvir o novo do Cannibal Corpse e realmente não desceu... em compensação gostei muito do “Deathhammer” do Asphyx. O Disma também está excelente (já era de se esperar, tendo o Craig Pillard na banda...


9. Recentemente algumas bandas tem misturado o death metal com doom, não que isso seja inédito, algumas bandas antigas tinham essa característica. Entretanto, bandas como Hooded Menace e Acid Witch por exemplo, o fazem de forma bem diferente no meu ponto de vista. O que você acha deste tipo de som? Musicalmente, você acha positivo esse tipo de abordagem "experimental", "diferente"? Você citaria alguma outra aberração experimental interessante dentro do grind/gore?

André: Não creio que as bandas que você citou sejam diferentes de outras bandas que já faziam esse tipo de som no passado, bandas como EVOKEN, DISEMBOLWELMENT, WINTER... foram ícones do Death/Doom, o que essas bandas mais recentes estão fazendo atualmente é resgatar esse tipo de sonoridade com características peculiares de cada um, mas não que isso seja algo experimental ou inovador, enfim... Sim, eu gosto muito desse gênero e em especial as bandas que abordam temáticas “horror” como as que você citou, por exemplo! Ambas são grandes bandas que possuem um conceito muito grande atualmente e que fizeram com que o gênero voltasse a estar em evidência novamente!

Tersis: Além dessas, lembrei de Paradise Lost, Amorphis e tantas outras que iniciaram fazendo um Death Metal com passagens lentas, mesmo que tendo alguns elementos diferentes do tradicional. Outra grande banda a ser lembrada: Incantation... que abusava de passagens cadenciadas e com um clima único. Clássico! Sobre essa linha mais atual, se o ato de “experimentar” for algo consciente e o resultado ficar harmônico, não vejo problema. O Nocturnus, por exemplo, ainda no início dos 90s arriscou colocar teclados em suas músicas e posso dizer que o “The Key” é um grande álbum. A busca da identidade é algo complicado: às vezes a banda quer se destacar por fazer algo diferente, mas nem sempre essa experimentação representa algo positivo.

10.   Como surgiu a idéia do videoclipe "Trial of the Undead"? Como foi a repercussão e a elaboração do vídeo? Afinal, quem foi convidado para ser zumbi? A banda pretende lançar mais videos, dada a facilidade de divulgação via YouTube? Algum video compilado de cenas de filmes, talvez?

Tersis: Recebemos o convite de uma amiga de longa data para produzir um vídeo-clipe para o curso de web design de uma faculdade de Curitiba. Eles queriam produzir o material focado em cinema trash e terror em geral, especialmente zumbis. Foi então que aceitamos a proposta de produção e oferecemos a faixa “Trial of the Undead“. Apesar da equipe ter apenas uma semana para organizar e produzir todo o material para as gravações, conseguimos o apoio de várias pessoas. Ao final tínhamos tudo organizado: roteiro, make-up, câmera, transporte, equipamentos de som, alimentação, locais para filmar, etc…


André: A repercussão não poderia ter sido melhor: o vídeo irá completar dois anos agora em abril, obtivemos quase 7000 visualizações, na verdade não esperávamos fazer nem a metade disso! O convite do pessoal que atuou como zumbi no clip foi bastante fácil, a produção publicou uma nota na comunidade ZOMBIE WALK CURITIBA explicando sobre a produção e de um dia para o outro já tínhamos dezenas de interessados em participar e aí o pessoal da produção se encarregou de fazer a seleção! Sim, ainda queremos lançar um novo vídeo, porém ainda não temos planos ou idéias de como ele será, qual música será usada, enfim... mas há sim essa idéia até mesmo pela resposta que tivemos com o primeiro! A principio não deverá contar com cenas de filmes, queremos fazer algo próprio novamente! Para mais informações sobre a produção de nosso clipe e para ver o resultado final, basta acessar o hot site: http://www.trialoftheundead.com/


11. Sempre pergunto a bandas de death/gore/grind sobre seus filmes preferidos. Dessa vez, gostaria de perguntar sobre o que vocês gostam de ler. Livros, quadrinhos, contos de horror? Algum autor preferido? Talvez algo mais voltado para a realidade, histórico? André Luiz, livros de anatomia e patologia, não contam!
 
André: Cara, meus últimos seis anos na universidade e o interesse por pesquisa científica fizeram com que eu me mantivesse totalmente afastado de qualquer coisa que não fosse relacionada ao universo acadêmico, provas, trabalhos, seminários... realmente não tenho lido nada diferente ou relacionado aos itens que você mencionou!

Tersis: Também ando um pouco afastado por causa das atividades profissionais e acadêmicas. O tempo livre tenho dedicado para ouvir os discos que tenho recebido e de vez em quando para rever alguns filmes clássicos de horror (como aqueles que usamos de referências em nossas composições). Recentemente também andei lendo alguns livros sobre o metal e subgêneros extremos em geral.



12.   Bom para finalizar gostaria de saber a opinião de vocês sobre os seguintes tópicos:
 
André: 
- Lucio Fulci: Gênio. FULCI LIVES! Terror italiano é o que há!
- Repulsion: HORRIFIEDDDDDDD!
- George A. Romero: Apesar da recente banalização dos filmes de zumbi, Romero sempre será sempre o grande responsável pelos filmes do gênero, seus filmes são verdadeiros clássicos!
- Cannibal Corpse: Gosto bastante até o THE BLEEDING, depois quase não ouvi mais nada, mas me disseram que os discos novos são chatos pra caraleooo!
- Zé do Caixão: A lenda viva do cinema de baixo-orçamento nacional! Fazer o que ele fez e na época em que ele fez, com os “recursos” que ele tinha, ou seja... genial! Devemos ter uma música com uma letra sobre algum filme dele em algum material futuro!
- Troma: Porra, muito foda! Lloyd Kaufman esteve por aqui recentemente! O vingador tóxico é meu super-herói favorito!
- Porno grind/Porno gore: Gosto muito, sempre gostei! Eu e o Tersis temos um projeto chamado CREAMPIE, logo vocês devem ouvir falar dele! Estamos com dois materiais em produção que logo devem ser lançados no México e EUA, além de outros itens que estão em pauta para serem produzidos, mas nosso problema é tempo! Temos uma música no Tributo CD ao C.B.T. também, confiram!



Tersis: 
- Lucio Fulci: ”Offal praise Italian cin”
- Repulsion: Sim, Horrified é um clássico absoluto!
- George A. Romero: Gosto dos filmes antigos.
- Cannibal Corpse: Foi uma das primeiras bandas de Death Metal que ouvi, junto com todas aquelas citadas anteriormente. A estética  visual que ela foi realmente um destaque para mim. Até hoje lembro da primeira vez que peguei o “Tomb of the Mutilated” em CD... Acho perfeito até o “The Bleeding”, mas ainda gosto do “Vile” e do “Gallery of Suicide”. A partir dos anos 2000, a banda perdeu o sentido para mim. Esse último disco, “Torture”, é realmente uma tortura de se ouvir. Se eles tivessem parado de lançar material ainda naquela época e apenas fizessem shows...
- Zé do Caixão: Você, você e todos você!
- Troma: “Toxic Avenger” é o maior de todos, mas “Tromeu e Julieta” também é um clássico.
- Porno grind/Porno gore: O André disse tudo!